Friday, September 14, 2007

Dubai-partir..

Segundo ouvi dizer, há por aí em Lisboa um tal de terminal 2.
Parece que é para os voos internos.
Parece que os voos sofrem sucessivos atrasos, e que citando a a Sra. Dona. Maria MJ Nogueira-"é um enorme barracão, feio, mal ventilado, sem os cómodos mínimos a que este tipo de infra-estrutura obriga, e onde se amontoavam magotes de viajantes e pilhas de malas e sacos, fazendo filas frente aos balcões do check-in, tão longas que davam voltas sobre si mesmas, de tal modo que o passageiro da fila dois ficava enrodilhado na fila três e assim sucessivamente.(...) espaço caótico e hóstil(...)".

Hum, onde é que eu já visto isto de terminal 2, espaço caótico e hóstil?

Ah, já sei, passem pelo Terminal 2 do aeroporto do Dubai, criado especialmente para os países CIS e vá, Irão. Companhias aéreas como a Air Kazakhstn, Turkmenistan Airlines, Mahan, Kish Airlines (Irão), são algumas das companhias a operar neste espaço. Tendo em conta que todo pessoal que vai à ilha de Kish no Irão só para mudar de visto, e estamos a falar só de 500 mil na última amnistia, então imaginem o tráfego e as condições.

Ah desculpem, esqueci-me de vos explicar o sistema. Após cada 2 meses, trabalhadores ilegais têm que sair do pais, pois este é o prazo dos vistos turísticos. Digamos que se de um universo de 4 milhões e tal de pessoas, disser que muito mais de 500 mil, está a trabalhar ilegalmente, não devo estar a cometer grande erro de cálculo, e se for erro apenas peca por escasso.
Imensos trabalhadores vêm das Filipinas,India e Paquistão e cá ficam com sucessivos vistos turísticos.

Há inclusivé toda uma indústria que explora a situação com agências de viagens apenas especializadas neste tipo de viagens e que operam com a conivência do sistema vigente. É por isso que quaisquer census que se façam numa poderão ser fidedignos.
Quem fica prejudicado? Meia dúzia de ilegais que têm que investir as suas poupanças em viagens?

Quem fica a ganhar? Há dúvidas? Patrões que não precisam de pagar os vistos, que podem despedir quando quiserem e que basicamente não serão penalizados por albergar os ilegais.

Estes ilegais ajudaram a construir o país, e vão regra geral de mãos a abanar, muitas vezes banidos para a vida, sem poder regressar ao país. A informação é difusa, e como a grande maioria da população não sabe ler ou falar árabe, está sempre à mercê destes meninos.

Acompanhei um destes casos. É dramático ter escrito no passaporte " Banido por um ano, e dps à saída no aeroporto dizerem-te que NUNCA mais podes voltar ao país. País onde viveste os últimos 25 anos da tua vida. Onde nasceram os teus filhos, onde já viste morrer o teu filho mais novo de 7 anos, onde tens a tua mulher, onde tens os teus amigos... E estás só.

Epá, mas deixa, pelo menos não vais no terminal 2...

Desafiar a lei...

Hoje desafiei a lei e podia mesmo ter sido preso. Não foi uma estória tão emocionante como as perseguições de carros em LA, ou até de roubar umas nésperas na horta do Ti Chico na Quinta da Abóbada, mas foi digno de registo.
Estava eu a sair casa, hoje de manhã, e como noutros dia, saudavelmente como um um pacotinho de batatas fritas.
Coloco a ultima batata na boca e faço um compasso de espera porque não é permitido comer na rua. Então o esperado aconteceu! Uma batata ficara presa nos meu molares (não odeiam quando isso acontece?), e enquanto caminhava pela rua e retirava e comia esta última batata, um carro da polícia passa por mim em slow motion... O meu coração parou! É que eu estava a mexer o maxilar!
Será que poderia alegar pastilha?
Graças a Deus eles não pararam e a minha vida continuou na sua normalidade. Que emoções não é?

Tenho outra estória com a bófia do Dubai que mete senhoras que gostam de pénis grandes e assédio sexual, mas claramente não merece o mm destaque desta, logo vou contá-la só aos meus amigos mais próximos, porque não vos quero entediar com trivialidades!

Wednesday, September 12, 2007

Chegou o Ramadão!

Hoje é o primeiro dia do Ramadão.
Segundo me fizeram parecer, agora chegou a melhor altura para se estar num país árabe! A lógica do Ramadão é a de que a pessoas devem jejuar para reflectirem e passarem por um mês, por aquilo que os realmente pobres passam 12 meses. Paralelamente é uma época de humildade, a contrastar com a opulência dos outros 11 meses aqui no Dubai. Parece-vos hipócrita? Naaa...

Vou explicar como tudo se passa. Grosso modo, e quem pode, ou seja, quase todos os locais, vão dormir a maior parte do dia, e vão no fundo ficar acordados durante a noite. Ou seja, a melhor forma de experimentarem a visão do mundo pelos olhos de um "pobre" é terem a vida de um guarda nocturno. Parece-me justo. Há é a pequena diferença que durante a noite não trabalham e fazem jantares "enfarda brutos".

Há também umas pequenas diferenças sociais que acho importante realçar.

Lazer

Lojas e restaurantes fechados durante o dia, pubs e discotecas nem vê-los, enfim um novo incentivo para as festas em casa! Se durante o verão me queixava de poucas coisas para fazer, então agora deve ser um fartote!
Para vos dar um exemplo digamos que até para ir fazer jogging devo usar calças, só para as meninas verem o quão apelativos são os gémeos deste amigo!
Tenho ainda que saber se é possível ir para a praia, ou se fecharam todas as praias privadas (sim é um conceito giro, a praia estar fechada).

Trabalho

Bem como os árabes têm o poder de decisão nesta região, nada se decide nesta altura, horário das 8h-2h mas trabalhinho que é bom, nada!
Como é óbvio há sítios, como o que trabalha aqui o vosso amigo, em que digamos que o horário continua o mm e se possível com mais carga horária, pois demoramos mais tempo nas actividades diárias com a lentidão dos outros.

Trânsito

Bem, o Dubai, fruto da sua inexistente rede de transportes públicos, é um "bocadinho" chato com o trânsito, sendo que agora melhora substancialmente para os Expat, pois a grande hora de tráfego passa a ser as 2 da tarde.


Sintetizando...vai um presuntinho?

Ramadan Kareem

Monday, September 3, 2007

Blogues PT

Bem, eu não sou destas coisas mas vou só fazer uma referência rápida ao jumento, para mim, uns dos melhores blogues que encontrei (até hj!)
http://jumento.blogspot.com

Fica a nota.

Caso Somague?

Bem, confesso que não tenho andado assim tão atento à realidade nacional, embora me tenham afiançado que depois do Dr. Oliveira Salazar ter sido eleito o melhor português, de uma miuda inglesa ter desaparecido e ainda não ter sido encontrada (apesar do brilhantismo da polícia portuguesa- acreditem que é bem complicado encontrar impressões digitais depois de uma casa ter sido arrendada durante 3 meses!) e de alguém constatar que o nosso regime democrático era muito similar ao do Zimbabwe, nada de especial tem acontecido no nosso cantinho plantado à beira mar.

Estava eu na minha habitual incursão pelos jornais desportivos para acompanhar os sucessos e incessos do Liedson e companhia, quando, em busca de uma segunda opinião para a fraca exibição dos meninos a jogar em casa contra 10, me deparo com esta expressão: "Caso Somague".

Bem, não fazia ideia do que se tratava, mas como é óbvio a palavra caso aguçou-me a curiosidade e deu-me logo a noção de que algo importante se passava! Tudo o que vejo precedido da palavra caso nas notícias dá sempre galho e é coisa para aparecer nos 4 canais durante meses a fio: Caso Apito Dourado, Caso Casa Pia, Caso Maddie e como é óbvio o Caso Mateus.

Preparo-me para uma leitura cuidada de forma a não me basear em informação enviesada, no entanto, uma interessante reportagem de 2 horas no Animal Planet sobre a vida dos guaxinins no Sul do Canadá, não me deixou concentrar nestas questões de somenos importância.
Vou então de qualquer forma deixar a minha opinião sobre este caso que anda a "agitar a opinião pública" europeia, ou vá apenas 2 eurodeputados dos verdes (é quase a mesma coisa!).

Epá, como não consegui encontrar o "caso Somague explicado para tótós", vou tirar as minhas ilações de uma ou duas notícias que vi.
Facto 1- Os srs. da Somague generosamente, e sem quaisquer contrapartidas doaram 233 mil e tal euros a uma necessitada associação partidária.
Facto 2- Valor não foi declarado fiscalmente, existindo fraude fiscal, e como tal havendo lugar a pagamento da dívida fiscal.
Facto 3- Valor da dívida fiscal pago pela Somague
Facto 4 - Caso arquivado.

Sim sr, o que eu digo é que em vez de pagar a dívida fiscal resultante desta "doação", os srs. da Somague deveriam levar esta factura a resultados, e recolher o devido benefício da mesma, como se de qualquer doação se tratasse.

Bem, mas vejamos.
Não percebo o facto do financiamento não ter sido declarado. Apenas para evitar o pagamento ao fisco? Parece-me pouco.

Então, no intervalo do programa, enquanto um rápido e trepador guaxinim trepa uma secular árvore e prende a minha respiração, investigo um pouco mais sobre esta estória dos financiamentos.

Parece que segundo a lei dos financiamentos, são permitidas doações de pessoas colectivas até 100 salários mínimos, ou seja à volta de 40,000 euros, apenas um pouco abaixo dos tais 233,000 euros.

Hum, ok, mas então tudo bem, há aqui uma pequena transgressão. Mas alarido europeu?

Penso mais um pouco. Será questão moral? Naa, isto devem ser estes meus pensamentos progressistas fruto da influência de agora viver numa das mais antigas democracias do mundo.

Hum, e o que dizer do actual presidente da comissão europeia, ex- presidente do PSD a dizer que desconhece um financiamento de quase 1/4 de milhão de euros?
Quase parece a estória do marido que chega a casa e nada suspeita do facto, a sua mulher, doméstica de profissão, ter comprado um novo colar de pérolas.
Que dizer de alguém de alguém que se escuda num regime legal para sacudir a água do capote?
Pouco faltará para ouvirmos, se as negociações com os países do GCC falharem para o Trade Agreement "Isso são coisas do Mandelson, não tenho nada a ver, não tenho culpa que seja mau nas contas de cabeça".
Belo exemplo em presidência portuguesa...